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domingo, 23 de setembro de 2007

...todos os nomes

De tanto me agradar a imperfeição das tuas palavras, resolvi matar um pouco à sede, todas as decisões que tinha para hoje. Talvez percorra entre os meus devaneios secretos, acompanhada pelo teu cheiro a pessoa minguante. Segreda-me o teu suor, odor da tua ausência, a necessária distância de já nem saber ao certo, se realmente me esqueci por completo das pessoas que tens em ti.

Rouba-me espaço na cama, toda a insónia colada à obsessão que nos une. És doença rude de homem, o meu que és. Massacra-me, dói-me pensar que és igual às folhas tingidas do negrume da tua língua, és rio que se perde no mar. Serão as tuas estátuas sinais de derrotas, porosos fragmentos em que te desfazes.

Pudesse eu continuar a ser tua heroína, ultrapassar contigo as ruínas, sonhos descalços e órfãos da beleza de Deuses. Queimar-me-ia ao Sol dos teus vícios menores, idealizados e transcritos para as linhas imaginárias do meu corpo.

Humedece os teus dedos entre as minhas pernas, a tinta que te faz escorrer mais um pouco da face que escondes. Contraposta, estou desde o nascimento na margem esquerda do canto superior, esperando que o teu corpo ceda ao veneno do sono. Sonha meu amor, sonha...

Deformada que estou, sendo cera envolvendo o teu pavio, o chorrilho sentimental das tuas inúteis palavras. Bem longe e enegrecida no desencanto, a alegria seca nas tuas veias pedradas de tanto te quereres. Vaidoso, dás a semente ao meu ventre criador, em futuro alimento da tua pobreza.

Hoje não estou bem, por tanto gostar de ti, na liberdade concedida pelo teu cansaço. Neste momento deveria estar bem longe de ti, fugir para outro que me pensasse. Escrevi-te, com a tua própria mão. No amanhã já tão perto, estarei na transparência a que sempre me obrigaste, irás ler-me entre as tuas palavras.

Chamar-me-ás...