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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

pro|lixa

De cada palavra estendida, existe uma letra que se desajusta. Impelida por uma força maior à sua vontade, por fim, vale-se de uma mudez intransmutável. Será este o último reduto de uma vontade, exasperada, inconformista, em carência de léxicos e lugares comuns. Será a solidão uma coisa tingida de estranheza, adjectivada num tom submisso e derrotista. Será uma transgressão, uma causa perdida vê-la definhar ao longo da frase, sem que morra no fim e nem exista no princípio.

Sem espaço entre semelhantes, diz-se homófona de si mesma. Pendida em carência, calada a tanto custo, é sofrer-se de já nem lhe restar linhas por onde existir. Fecha-se assim, entre frases disparadas sem conexão, como gotas em vidro baço. Vetusta, queda-se na inoperância de uma garganta embargada, nas cordas vocais afónicas de se dizer. Desarticulada, sem ortografia, sentida, demasiado aguda para que se faça entender, a letra diz-se morta para qualquer verbo ou canção.

De cada vez estendida, existiria outra letra imbuída na sua estória, não fosse a maldade de não saber falar.